Tentaram bater a carteira do governo!
Aplausos na Câmara. Palmas para um plano que terminou com mais de 120 mortos — pobres, pretos, periféricos — e também quatro policiais. Um massacre apresentado como “eficiência”. Aplausos para a tragédia, lágrimas para a justiça.
E, enquanto isso, os mesmos deputados que festejaram o banho de sangue rejeitaram a urgência para investigar devedores contumazes — gente que, segundo a própria Justiça, usa essa manobra para lavar dinheiro.
Parece que no Brasil a regra é simples: criminoso pobre é alvo. Criminoso rico é sócio.
Derrite, secretário de Segurança de Tarcísio, surge com um projeto que enfraquece a Polícia Federal — justamente quem investiga os tubarões do asfalto. Menos PF, mais palco.
O velho lema, atualizado para 2025:
Bandido pobre? Morte rápida.
Bandido rico? Absolvição expressa e, de preferência, com visto para Miami.
Mas vamos às perguntas que ninguém na tribuna ousa encarar:
Quem paga por essas armas de guerra?
Quem financia as toneladas de drogas?
São os jovens fuzilados no morro? Ou são os engravatados que jamais aparecem nas estatísticas da violência?
E a cereja do bolo: armas que deveriam estar com os CACS foram parar nas mãos de milicianos e traficantes. Acaso? Milagre? Ou apenas o óbvio que ninguém no governo de São Paulo quer admitir?
E a quem interessa manter a PF longe da Faria Lima? Adivinhe.
Na Câmara, o teatro continua. O presidente da Casa decide entregar a relatoria de um projeto do governo — engavetado desde abril — ao secretário de Tarcísio, um aspirante à presidência com discurso pronto e ambição desmedida.
“A escolha é minha!”, berra ele, sem ruborizar.
Sim, presidente, a escolha é sua.
Mas o povo já fez a dele: hoje, o Congresso é percebido como inimigo do povo. E não é por acaso.
Para completar o espetáculo, tentam enfiar no texto legal o termo “terrorismo”, como se traficantes e milicianos tivessem agenda política ou causa religiosa. Não têm. Eles têm planilha, lucro, rota, fornecedor e proteção.
Chamá-los de terroristas não resolve nada — mas abre espaço para crises diplomáticas e para mais confusão entre Brasil e Estados Unidos.
Hugo Motta ainda tenta convencer o país de que “o povo não quer saber de discussões penais”.
Quer sim, deputado.
O povo está cansado das brechas, dos truques, das vírgulas salvas em plenário às três da manhã.
O povo quer saber até onde vocês vão empurrar esse projeto de país onde a morte é seletiva e a lei é opcional para quem tem patrimônio.
Comentários
Postar um comentário